|
|
POLENIZANDO |
Porque não uma disciplina? - Fábio Deboni | De tempos em tempos o debate a respeito da inserção da Educação Ambiental nas escolas ser ou não por meio da criação de uma disciplina específica vem à tona. Não é um debate trivial, muito menos simples e de fácil entendimento. Há pontos de vista muito distintos e até mesmo ferrenhos.
Não pretendo aqui pregar a favor de um ou outro, mas sim levantar questões que nos ajudem a refletir a respeito de uma certa "satanização" que temos feito ao redor da EA ser uma disciplina nas escolas. Percebam o quanto isso está presente em nosso meio... Quando estamos em oficinas, eventos, seminários, etc.. e alguma pessoa faz um discurso a favor da EA ser uma disciplina.. O que acontece? Qual é a resposta ou saída mais praticada?
Alguns argumentos são, em geral, apresentados. Vamos listá-los? 1. A EA ser uma disciplina nas escolas é ilegal, pois a lei (PNEA) diz o oposto. 2. Criando uma disciplina, vamos cair numa armadilha teórica e prática, pois a EA pressupõe integração e visão sistêmica e no formato de disciplina isso não seria possível. 3. Por meio de uma disciplina, seu poder de transversalizar as outras disciplinas seria praticamente anulado. Há tantos outros argumentos e contra-argumentos que certamente geram um debate intenso. O que quero refletir aqui é justamente o não debate que está ocorrendo no meio. Ou seja, quando alguma pessoa, que em geral são "novos" na EA, levanta esta questão, caímos numa conversa sem lógica, quase que dogmática e esquizofrênica. A resposta que sai é algo como "não pode porque não pode".
Sinceramente sempre fui a favor de a EA não ser uma disciplina no ensino formal, mas ultimamente tenho repensado isto.
Primeiro, porque se olharmos com atenção veremos que a educação brasileira vai mal. Nossos estudantes e professores, em geral, têm dificuldades de leitura, de interpretação de textos, de escrita, etc.
Há cada vez mais demandas para a escola atender, coisas que a sociedade, a família, a religião, etc, não estão conseguindo trabalhar....Além disso, também recebem tentadoras demandas do mundo capitalista ao estilo "troque latinhas por um computador", e têm ainda por cima que dar conta do currículo.
E a EA neste meio, como fica? Será que ela tem conseguido "disputar" seu lugar ao sol com todas estas demandas? Será que a EA que temos praticado está tão atrativa assim para estudantes e professores?
Infelizmente acho que não. Na verdade estamos bem distantes disso. Projetamos uma EA muito mais arrojada em termos conceituais e práticos que a escola pode introjetar. Esta crise não seria uma oportunidade para repensarmos a questão da disciplina de EA ? Continuo não achando que ela será a salvação da lavoura, mas ela também não pode continuar sendo vista como algo que "não pode de jeito nenhum". Penso que este debate deveria ser retomado, com muita serenidade e capacidade de levantarmos reais argumentos que nos sinalizem caminhos e possibilidades de, cada vez mais, melhorarmos a qualidade da EA exercida nas escolas e fora delas...Se este incremento passa por uma disciplina (num dado momento, contexto, realidade e circunstância), não vejo porque continuarmos crucificando-a como se fosse todos os tabus que tanto combatemos como educadores(as) ambientais.
Publicado na segunda-feira, 27 de Agosto de 2007 Fábio Deboni é educador ambiental e autor do blog: http://fabiodeboni.blogs.sapo.pt/
|
|
|
|
|
|
Melhor visualizado em 800 x 600px e em IE atualizado. Horta Viva 2002/07 - www.hortaviva.com.br
- Todos os direitos reservados.
|