POLENIZANDO

  O RESGATE DO SAGRADO FEMININO - Eunice Ferrari

"Todo conhecimento do Destino vem das profundezas da mulher: Nenhuma das forças da superfície o conhece. Quem quiser perguntar sobre o Destino tem de dirigir-se a uma mulher". Helen Diner.

Gostaria de pedir a você, homem ou mulher, uma breve reflexão sobre o momento que vivemos. Todos os dias, podemos observar a desesperada tentativa em chamar nossa atenção para as catástrofes ambientais que nós mesmos, dotados de toda insensibilidade e inconseqüência, causamos.

Esta semana, comemoramos o Dia Internacional da Mulher, uma homenagem, claro, mais do que merecida. No entanto, acredito que esse dia deveria se chamar "Dia Internacional do Feminino", pois é esse feminino que grita sua existência e manifestação.

A natureza instintiva feminina tem sido esmagada durante séculos pela força e opressão do caráter masculino e, o que podemos observar, é que, neste momento, nos resta uma única saída: deixar que a natureza instintiva feminina se manifeste em todo seu esplendor.

Quando falo em natureza instintiva feminina, não falo somente da mulher. Nossa mãe Terra é a manifestação maior do feminino, com suas florestas selvagens sendo abusivamente destruídas, suas águas poluídas e já escassas, seu solo cada vez mais árido e estéril. O caráter feminino está gritando dentro de todos nós, inclusive em nós, mulheres.

O movimento feminista, necessário para um primeiro passo no caminho da igualdade entre as forças yin e yang do planeta e dentro de nós, teve muitas falhas, como tudo o que está começando.

Mas chega o momento em que devemos olhar mais racionalmente para esse movimento e levá-lo adiante. Se pararmos para refletir, poderemos entender que a natureza é feminina, ela nos dá a vida, nos alimenta, nos sustenta e dela dependemos.

Mas assim, como as mulheres precisaram de um movimento para mostrar a um sistema que existe outro poder a ser respeitado, a natureza se rebela contra todos nós, exigindo o devido respeito.

Existe muita confusão a respeito do poder, por exemplo. Há um poder masculino, que é o poder fálico, mas há um outro poder, que deve ser trazido à tona, que é o poder do sagrado feminino, que brota dos instintos, da intuição, da sensibilidade e da emoção, da não racionalidade, do unicismo, da totalidade. É um poder holográfico, de um Universo íntegro e sem divisões, onde há um Deus-Pai-Mãe governador.

Antigamente, e devemos falar dessa forma - pois nossos tempos são outros-, os pais maltratavam seus filhos, as mulheres eram exploradas, submetidas e subjugadas. No mesmo momento, o mesmo poder que tiranizava a mulher, tiranizava a si mesmo e a natureza. Sim, porque mesmo o mais cruel entre os homens possui uma alma, um aspecto feminino, que foi violentamente subjugado da mesma maneira.

Como todos sabemos, vivemos até então sob a égide de um paradigma mecanicista, onde tudo é compartimentado, homem e mulher divididos entre si e dentro de si mesmos. Pobres homens provedores e pobres mulheres incapazes.

Hoje a natureza pede, ou melhor, exige reconhecimento e respeito, juntamente com o caráter feminino dentro de cada um de nós, homens ou mulheres. Homens e mulheres maternais, caseiros, sensíveis, amorosos, companheiros, colaboradores, acolhedores, nutridores, carinhosos. O poder fálico está mais do que vivido e nós, mulheres, não precisamos nos apropriar dele, pois assim estaríamos somente repetindo um mesmo padrão exercido há tanto tempo.

Ou se finda o tempo da tirania, ou estamos todos nós mortos. Nossa alma pede reconhecimento, a anima, o útero, a natureza com toda sua capacidade criativa. O movimento não é mais feminista e o machismo chauvinista nunca teve tão fora de moda.

Ou entramos em uma nova era de igualdade, fraternidade e liberdade ou continuaremos sós: masculino e feminino separados dentro e fora de nós. Somente quando pudermos nos unir a esses poderes poderemos nos unir novamente como casais. Somente quando nos sentirmos inteiros, corpo e alma, animus e anima, masculino e feminino, poderemos olhar uns nos olhos dos outros sem nenhum sentimento de mais ou menos valia, nenhuma culpa ou vergonha, nenhum peso ou mágoa, nenhum trauma ou dor.

E, logicamente, quando não houver mais sombras entre nós, o planeta reinará na mais profunda paz, onde as duas forças mantenedoras da vida neste planeta estarão igualmente divididas. "Feliz Dia Internacional do Feminino"!


Fonte: http://esoterico.terra.com.br/vidainterior/interna/0,,OI1455852-EI5928,00.html






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